A partir da Eucaristia, tudo se fez novo!

Publicado em: 23 de fevereiro de 2018


Nós somos “Sacramento de Amor” e a Eucaristia está intrinsecamente ligado à nossa essência. Sacramento de Amor é mais do que a gente consegue verbalizar, porque é algo daquilo que somos e que faz parte de nós desde a nossa concepção. Desde quando fomos gerados, desde quando estávamos no ventre, o Senhor já selou esse carisma, essa marca, essa identidade.
Eduardo e eu nos conhecemos ainda jovens, na escola, e sempre fomos muito apaixonados um pelo outro. Vivíamos uma vida muito mundana, muito longe de Deus, embora, hoje, nós conseguimos fazer uma leitura de vários sinais e traços de Deus na nossa história. Casamo-nos muito jovens, me (eu com 17 anos) e ainda não conhecíamos esse Deus maravilhoso. E quando estávamos com 7 meses de casados, nós fomos convidados para um encontro de casais. Esse convite foi feito por amigos, padrinhos de casamento, que percebiam que nós não estamos entendo muito bem o sentido do matrimônio. O pregador desse encontro conta que, logo no inicio, ele foi procurado por um grupo que pediu que conversasse conosco pra nos dar uma ajuda, nos orientar. Quando ele nos viu, logo pensou “Não, com aquele casal não vai adiantar conversar, leve-os pra capela e reze por eles”. Graças a Deus, eles fizeram isso. Eles nos convidaram pra ir pra capela do Santíssimo Sacramento e impuseram as mãos sobre nós, diante de Jesus Eucarístico e rezaram por nós. E naquele momento, diante do Sacramento de Amor por excelência, nós tivemos uma experiência profunda de Deus. Começamos a chorar muito e não entendíamos o que estava acontecendo e, a partir daquele momento, a nossa vida nunca mais foi a mesma. Nesse encontro de casais, a partir dessa experiência com Jesus Eucarístico, nós nos decidimos a ser de Deus. O mais belo disso tudo, é olhar para quando Deus inaugurou esse novo tempo em nossa vida e ver que foi a partir de Jesus Eucarístico. A partir da Eucaristia tudo se fez novo! Foi na presença Dele que nós também nos descobrimos “fração do coração Dele”. E foi assim que a nossa vocação e nosso chamado despertaram.

A partir daí, nós começamos a entender que Jesus Cristo é alguém, é uma pessoa, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade e que se relaciona conosco de forma muito pessoal e de forma muito humana. Ele, que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, fala conosco. Santa Teresa D’Ávila diz que “oração e vida de misturam”. Eduardo e eu começamos a viver essa experiência de buscar em Jesus Eucarístico as respostas, o consolo do coração e foi nessa intimidade com Jesus, que tudo foi se fazendo, tudo foi se construindo.

Quando começamos a Comunidade, a nossa família, a própria Igreja e nem nós mesmos, não sabíamos o que Deus queria de nós. Foi muito desafiador. Muito difícil pra nossa família entender e aceitar, para os padres também naquela época. E a certeza que nós tínhamos era que Ele estava conosco e Ele nos chamava. Mas, para onde? Nós também não sabíamos. Como seria? Nós não imaginávamos. Mas a certeza de que ele estava vivo em cada adoração, em cada momento, nos fortalecia e nos sustentava e era, realmente, a garantia de que ia dar certo! E foi sempre na presença de Jesus Eucarístico que tudo se confirmava. Isso foi algo que desde o princípio caminhou comigo e com o Eduardo – adoração ao Santíssimo Sacramento. Deveríamos ser adoradores, deveríamos estar aos pés de Jesus e viriam Dele as respostas, as soluções e as direções para nossa vida pessoal, conjugal, em família e também da nossa vida missionária.

Enfim, essa é a grande descoberta que cada um tem que fazer: o relacionamento com Jesus, que é pessoal. É preciso que nós nos relacionemos com Jesus todos os dias, é preciso o encontro com Ele, é preciso olhar quem te olha. Ele me olha e me conhece mais do que eu mesma, Ele sabe tudo de mim. O caminho com Jesus Eucarístico é um caminho dinâmico, porque Ele fala e eu escuto e eu preciso colocar em prática em minha vida. É preciso que aconteça essa relação de ouvir, consentir e de viver aquilo para que o Senhor me chama, me move e me impulsiona. É uma relação de amor recíproca!

E quando a gente se abre pra esse relacionamento com Jesus, nós podemos perceber em várias situações da nossa vida os sinais do amor Dele. Por isso vale a pena buscar o Senhor cotidianamente, adorar a Jesus, ir ao encontro d’Ele como alguém que entende o valor dessa submissão. Quantas vezes eu já me coloquei na presença de Jesus e disse a Ele: “Senhor, eu estou aqui só pra dizer que eu quero o que o Senhor quer, mesmo sem entender. Eu creio no seu amor, eu creio que o que o Senhor quer pra mim é melhor do que eu mesma posso querer!”.

Precisamos compreender que a Eucaristia é o maior tesouro que possuímos, é um presente de Deus, um Deus que nos ama de forma tão imensa e “escandalosa” que não bastou dar-Se na cruz, mas Ele também quis Se fazer alimento, quis nos dar o seu próprio corpo e o seu próprio sangue para nos sustentar. É um amor que nós não conseguimos compreender, mas que precisamos viver!

Olhando para os desafios do meu dia a dia, penso que, com as minhas forças humanas, não seria possível enfrentar, mas tenho certeza de que eu não estou sozinha, eu não sou mais sozinha. Ele está comigo, pronto pra ser abraço, pra ser socorro, pra ser consolo! Por isso, busque ao Senhor, não perca esse tesouro imenso que está escondido nos sacrários do mundo inteiro. Deixe-se ser amado e tocado pelo Senhor! Adore ao Senhor, comungue o Senhor, não despreze essa riqueza enorme que é a Eucaristia. Se, por algum motivo, você esteja impossibilitado de receber Jesus na Eucaristia, faça a sua comunhão espiritual, peça ao Senhor que Ele venha espiritualmente e adore ao Senhor, viva essa relação de amor de Jesus com a Eucaristia.

A DOENÇA CELÍACA

Acredito que seja válido a partilha sobre a minha experiência sendo Celíaca, ou seja, sou portadora da Doença Celíaca, que é uma doença autoimune e descobri há quase dez anos – meu organismo não aceita o glúten. Tenho uma intolerância severa ao glúten. E quando descobri a doença celíaca, os médicos disseram que eu não poderia mais comungar na espécie do pão e vivi realmente uma angústia muito grande. Confesso que nunca tive dificuldade em deixar de comer alimentos com glúten, mas, aceitar que eu não poderia mais comungar na espécie do pão foi difícil. E, a princípio, na minha relação pessoal com Jesus eu sempre dizia pra Ele: “Senhor, eu nunca vou deixar de comungar”, eu achei que agradaria mais a Jesus dando a Ele essa prova de amor. E aconteceu que o meu caso foi agravando e o médico, que na época me atendia, foi muito incisivo e que não me trataria mais se continuasse comungando todos os dias. Então, disse a ele que obedeceria à Igreja, ao sacerdote que me acompanhava na época. E eu fui até o padre, na certeza de que ele me apoiaria e acolheria meu desejo de dar essa grande prova de amor a Jesus. E, quando lhe contei que o médico me orientou que parasse de comungar na espécie do pão, mas que eu poderia comungar apenas na espécie do vinho. Aquilo me angustiava: pensar que receber Jesus vivo na Eucaristia poderia trazer prejuízo a minha saúde, isso me causava muita confusão interior. Então, o padre conversou comigo e me mostrou a maravilha de Jesus ter se dado no pão e no vinho. Assim como Ele está presente no pão, Ele também está presente no vinho. Então, o sacerdote me fez ver a beleza de receber o Sangue de Jesus e que isso não me privaria de nenhum bem. Eu me lembro que dizia ao padre: “Padre, eu tenho certeza de que Jesus não irá me fazer mal”, e ele me disse assim: “Filha, Jesus não faz mal, mas desobedecer faz mal, porque o que mais agrada a Deus é a obediência”. Essa palavra entrou como uma flecha em meu coração, realmente rasgando e dividindo e, a partir desse dia, por amor a Ele, pelo temor que tenho ao Senhor, eu disse ao padre que iria obedecer! Desde então, eu comungo somente na espécie do sangue e sei que o Senhor não me priva de nada. Muito pelo contrário, hoje vejo como um privilégio poder receber em mim, nas minhas veias o sangue do Senhor que me redimiu, que me salvou na cruz. É uma graça! E quando participo de alguma Celebração da Palavra, eu peço ao Senhor que me dê a graça da comunhão espiritual e dentro do meu coração sinto, fortemente, o Senhor me envolvendo, me abraçando e me dando tudo aquilo que eu necessito e até muito mais do que eu mereço. Dando-me o Seu coração, o Seu Espírito Santo, que sobrepõe toda a minha limitação humana. É a graça de Deus que vem em socorro da nossa natureza. Eu experimento isso, ainda que seja na comunhão espiritual ou em oração. Mesmo estando aqui, meu coração busca ao Senhor nos sacrários do mundo inteiro!

por: Roberta Vivas | Consagrada Fraternidade Sacramento de Amor | Cofundadora da Com. Sacramento de Amor

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